quinta-feira, agosto 25, 2005

Inêxitos na proporção dos êxitos...

"Gilberto Madaíl não compreende saída de Luís Figo

O presidente da Federação Portuguesa de Futebol já comentou a saída de Luís Figo do Real Madrid. Para Gilberto Madaíl, é difícil compreender tal decisão, pelo que deseja ao clube espanhol «inêxitos na proporção dos êxitos» de Luís Figo."

in "A Bola", 05/08/2005

Nada me diverte tanto como o universo que gira em torno do talento dos jogadores de futebol! E neste contexto tão particular (de uma bizarrice tão latente destes protagonistas, que quase leva à falência os humoristas desportivos), há uma personagem que já devia ter sido galardoada com uma espécie de "prémio carreira", pelas preciosidades que já disse desde que é figura pública e pela coerência que demonstra, dentro do género absurdo.
Desta vez, o nosso amigo Madaíl diz que não compreende a saída de Figo do Real Madrid. Como este espaço pretende ser de esclarecimento, vamos explicar como estas situações acontecem.
Então é assim, Dr. Madaíl: enquanto a maioria dos profissionais estão no auge da sua carreira aos 33 ou 34 anos, os jogadores de futebol (ou de qualquer outra modalidade, salvo algumas excepções) nessa idade estão na curva descendente do seu percurso como atletas de alta competição. Figo não é excepção! Ocupou na Selecção, no Sporting, no Barcelona e no Real Madrid, um papel de destaque, liderança e profissionalismo. Aos 32 anos, o extremo-direito já sente o peso da idade e só quem não está habituado a ver futebol, pode considerar que Figo ainda está na plenitude de todas as suas capacidades: velocidade, capacidade técnica e poder de choque.
Bem sei que vivemos dias de nostalgia que fazem com que Zidane anuncie o regresso à selecção francesa, que Soares reflicta sobre a hipótese de se candidatar ao terceiro mandato como Presidente da República e que vibremos com um Sporting - Benfica da época de 1946-47, na RTP Memória.
Mas a verdade é que (à excepção do segundo regresso de Michael Jordan à NBA) tudo na vida tem a sua altura própria. Renovar é preciso e a classe dirigente devia ser a primeira a ter isso em conta.
Resumindo e concluíndo, Dr. Madaíl: o futebol, tal como a vida, é feito de ciclos! E era tão bom que, tal como os jogadores, também os dirigentes se apercebessem quando entram na sua curva descendente e se retirassem. Mas depois quem é que tratava da vertente humorística no futebol nacional? Bom, esqueça estas últimas linhas...

Example
Em cima: "Desejo ao clube espanhol «inêxitos na proporção dos êxitos» de Luís Figo". Sempre enigmático, este Madaíl...